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 O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17)

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Renata Holloway
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O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17) Empty
MensagemAssunto: Re: O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17)   O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17) Icon_minitimeDom Jan 24, 2010 3:08 pm

Mah! Obrigada pelos elogios. Very Happy

Capítulo 2

A nova preceptora


Os grampos de cabelo no coque formal estavam apertados, mas Ana-Lucia não se importou quando se mirou diante do espelho e se viu impecável para o seu primeiro dia de trabalho no castelo Graves. Depois de uma noite mal dormida, o mínimo que podia fazer era levantar cedo, se vestir com decoro e esmero, e o mais importante, mostrar competência.
Assim que ela terminou de abotoar os botões de seu vestido de cor clara, sem nenhum decote, ela ouviu batidas na porta. Era a Sra. Hawkins.
- Pode entrar.- Ana-Lucia autorizou.
A porta se abriu e a governanta surgiu diante dela com a mesma expressão azeda da noite anterior.
- Bom dia, Srta. Cortez.
- Bom dia, Sra. Hawkins.- respondeu Ana, sorrindo, mas a mulher não lhe devolveu o sorriso. – Vim buscá-la para o café da manhã. Vou ensinar-lhe o caminho da cozinha somente desta vez. Tenho muitos afazeres e não posso vir buscá-la todas as manhãs.
- Compreendo.- disse Ana-Lucia, tentando não se deixar levar pelo azedume da mulher. – Eu conheci Alex noite passada quando fui ver as crianças.- Ana informou quando elas deixaram o quarto e caminharam pelo corredor. Mesmo à luz do dia o castelo parecia sombrio com suas cortinas cerradas e os corredores permanentemente escuros.
A governanta pareceu ignorar o comentário de Ana-Lucia, mas ela continuou falando assim mesmo.
- Ela me disse que as duas últimas preceptoras que trabalharam aqui no castelo, morreram. O que aconteceu com elas?
Dessa vez a governanta pareceu prestar muita atenção ao que Ana dissera. Parou antes que elas descessem as escadas para o andar inferior e disse:
- Pensei ter sido clara sobre a senhorita se limitar a fazer o seu trabalho por aqui.
- Sra. Hawkins, creio que tenho o direito de saber do que as antigas preceptoras morreram já que vou assumir o posto delas de agora em diante.- retrucou Ana-Lucia.
- A senhorita aceitou o emprego porque quis. È livre para ir embora a hora que quiser. Aliás, se quiser que eu mande chamar o Sayid para levá-la à vila onde a senhorita pode pegar um coche de aluguel e voltar para Londres...
- Não estou dizendo que vou embora, Sra. Hawkins. Acabei de chegar aqui e sequer conheci meu empregador. Espero poder conhecê-lo em breve. Gostaria que dissesse isso a ele. Agora, onde fica a cozinha?
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Eloise Hawkins estava furiosa com a petulância da nova preceptora contratada por Lorde Sawyer. Ela conseguiu conviver com as enxaquecas da Sra. Webster e com as crises de choro da Srta. Mellville. Mas a petulância e a ousadia da Srta. Cortez, ela não iria aturar. Pensou seriamente em abandoná-la nas escadarias para que encontrasse o caminho para a cozinha, sozinha, mas resolveu cumprir seu papel porque sabia que Lorde Sawyer desaprovaria seu comportamento. Na verdade conseguia imaginá-lo fazendo escárnio dela, dizendo-lhe que estava com ciúmes da nova preceptora. Ao contrário das outras, esta era bonita, muito bonita e jovem também. Eloise podia pressentir problemas chegando ao castelo.
Ana-Lucia jamais encontraria a cozinha sozinha pela primeira vez. O castelo de Graves era um intrincado sistema de corredores, salões e escadas. A cozinha ficava atrás do salão principal. Era preciso se descer uma escada forrada com tapete de camurça vermelho que dava para uma aconchegante sala de refeições. No corredor ao lado havia uma porta que dava para a cozinha. A Sra. Hawkins conduziu Ana-Lucia por ela.
Ao entrar no aposento, Ana viu alguns dos empregados do castelo tomando o café da manhã. Nenhum deles se dignou a erguer-se para cumprimentá-la.
- Bom dia.- Ana-Lucia arriscou dizer, mas apenas a cozinheira que vinha trazendo brioches recém- saídos do forno a cumprimentou.
- Bom dia, senhorita. Meu nome é Rose. Sou a cozinheira. – ela era uma mulher de sorriso aberto, dentes muito brancos, baixa estatura e jeito alegre. Depois de Alex ela era a segunda pessoa que a tratava com amabilidade.
- Muito prazer, Rose. Eu sou Ana-Lucia Cortez.
- A nova preceptora.- disse a gentil mulher. – Seja bem-vinda, querida.
Ana-Lucia tomou seu lugar junto aos outros empregados e desfrutou do delicioso café da manhã preparado por Rose. Ela sentiu vontade de fazer perguntas sobre o castelo, sua rotina e principalmente sobre o senhor do castelo que ela conhecera apenas pelo retrato na parede, mas os olhares de advertência da Sra. Hawkins a fizeram permanecer quieta saboreando sua refeição. Estava faminta porque não comia nada desde a viagem.
- E as crianças?- ela perguntou por fim quando terminou seu café da manhã.
- Alex está com elas na sala de estudos esperando por você. Ela levará Nicole enquanto você inicia as aulas com o Albert.
- São crianças lindas.- ela comentou. – Estou ansiosa para vê-los acordados.
- São dois anjinhos.- disse a Sra. Hawkins e esse foi o primeiro comentário amável que Ana-Luca viu a mulher fazer.
Ana despediu-se da cozinheira e acompanhou a Sra. Hawkins rumo à sala de estudos que ficava no terceiro andar. Era uma sala ampla com uma estante cheia de livros infantis, brinquedos, uma mesa de professor, quatro mesas de alunos e um quadro negro. Nas paredes havia vários cartazes com os dias da semana, a tabela periódica com os elementos químicos conhecidos entre outras coisas interessantes. Ana ficou satisfeita com a sala de aula.
Ao ver Ana-Lucia entrar na sala de estudos, o menino Albert foi se esconder atrás das saias de sua babá que segurava a irmãzinha dele no colo.
- Pare com isso, Albert!- ela ralhou afetuosamente. – Vá cumprimentar sua nova professora, a Srta. Cortez.
Ana-Lucia sorriu para o menino e fez uma reverência. O menino a fitou com interesse. Ele era uma criança muito bonita, de feições coradas e profundos olhos verdes. Tinha os cabelos castanhos e lisos e o nariz arrebitado salpicado de pequenas sardas.
- È um prazer conhecê-lo, Albert.- ela tentou se aproximar dele, mas o menino deu um passo atrás.
- Está tudo bem, Albert.- Alex encorajou.
- Não tem do que ter medo, Albert.- se pronunciou a Sra. Hawkins. – Vamos Alex, levar Nicole para tomar um pouco de sol na sacada. Deixemos Albert conhecendo melhor a Srta. Cortez.
- Não, por favor, Sra. Hawkins.- o pequeno Albert implorou, o que partiu o coração de Ana, mas a mulher não se deteve e puxando Alex pelo braço, as duas se retiraram da sala de estudos.
- Por que está com medo, Albert.- Ana perguntou quando se viu sozinha com a criança.
O menino pensou um pouco e respondeu com uma pergunta:
- A senhorita. é má, Srta. Cortez?
- Má? - Ana retrucou.
- È, malvada.- explicou o menino. – A Sra. Webster não gostava de mim. Ela me colocava de castigo quase todo o dia, de joelhos em cima do milho.
- Eu sinto muito que isso tenha acontecido com você, Albert.
- Então quer dizer que a senhorita não vai fazer isso comigo?- perguntou o menino, esperançoso.
- É claro que não.- Ana respondeu com a voz doce, se abaixando e ficando na mesma altura que Albert. – Eu estou aqui para cuidar de você e não para maltratá-lo.
Albert finalmente abriu um enorme sorriso para Ana-Lucia.
- Eu não quis acreditar no meu pai quando ele me falou sobre você.
Ana ergueu uma sobrancelha.
- O que quer dizer com isso, querido?
- Meu pai me disse que a senhorita seria muito boa para mim. Como uma verdadeira mãe. E também disse que a senhorita era muito bonita.
Ela ficou muito intrigada com o comentário do garoto.
- Quando seu pai lhe disse isso, querido?
- Hoje de manhã bem cedo quando ele foi ao meu quarto.- respondeu Albert.
Ana sentiu um calafrio espontâneo na espinha. Como Lorde Sawyer poderia ter falado sobre ela para seu filho se eles ainda não tinham se conhecido? Teria a Sra. Hawkins comentado com ele alguma coisa? Era a única explicação, embora ela não pudesse acreditar que a Sra. Hawkins tivesse sido capaz de dizer alguma coisa boa sobre ela levando-se em consideração a forma como a velha governanta a vinha tratando.
De qualquer maneira, Ana-Lucia resolveu deixar isso de lado. Por hora, o que importava era que Albert estava se mostrando receptivo à chegada dela e ela não poderia desperdiçar essa chance de conquistar a confiança do menino.
- Certo, Albert. Mostre-me o que sua antiga professora estava lhe ensinando para que possamos começar.
Mais alegre, Albert correu para uma das carteiras e retirou da gaveta de uma delas uma cartilha. Ana puxou uma cadeira e foi sentar-se ao lado dele. Passaram uma manhã muito agradável juntos. Ana notou que apesar do problema com as outras preceptoras, o garoto não estava atrasado nos estudos. Ele comentou com ela que seu pai costumava ensiná-lo para que ele não se atrasasse nas lições.
- Fale mais sobre seu pai, Albert.- disse Ana-Lucia após eles terminaram a lição daquela manhã.
O menino pensou um pouco e então respondeu:
- Meu pai é muito inteligente.
- Mesmo?- retrucou Ana. – O que ele faz?
- Ele cuida das pessoas.
- Cuida das pessoas? Como assim?
Albert deu de ombros e continuou falando sobre o pai:
- Ele gosta de cavalos e sempre me leva aos estábulos.
- Parece divertido.- comentou Ana.
- Sim.- concordou Albert. – Mas eu ouvi a Sra. Hawkins dizendo que meu pai gosta mais de mulheres do que de cavalos. Não entendi o que ela quis dizer.
- Decerto ela estava apenas brincando.- respondeu Ana, curiosa a respeito de por que a Sra. Hawkins poderia ter dito algo assim.
- Não. A Sra. Hawkins não estava brincando, ela nunca brinca, senhorita. Mas eu acho que ela não devia dizer isso sobre o papai porque ele é um homem triste.
- Triste? Como assim?
- Eu já vi ele chorar uma vez. É por causa da mamãe. Sabia que ela morreu?
Ana assentiu.
- Sinto muito por isso, querido.
Albert deu de ombros e respondeu:
- Não tem problema, senhorita. Papai diz que a vida é assim, que as pessoas morrem.
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Depois da aula de Albert, seguida de uma hora de almoço na própria sala de estudos, acompanhada da babá e das duas crianças, Ana-Lucia teve permissão para ir aos jardins. Alex entregou-lhe Nicole e com a ajuda de Albert que já conhecia muito bem o jardim, eles caminharam no gramado verde por entre as roseiras e jasmins. O jardim era muito bonito e o dia que amanhecera mais ensolarado que no dia anterior trazia às flores, árvores e sebes um colorido mais vivo.
- Veja Srta. Cortez, é um coelho!- Albert apontou empolgado para um coelho branco que saltitava por entre os arbustos repletos de florzinhas e gramíneas.
- É mesmo lindo, não é?- disse Ana embalando a pequena Nicole nos braços.
- A Sra. Webster não gostava de coelhos.- informou Albert quando conseguiu pegar o bichinho e o trouxe para perto de Ana. – Ela dizia que eles fedem!
Ana riu e colocando o bebê de lado, ela puxou as longas saias para sentar-se na grama junto a Albert que já tinha se sentado com o coelho. O movimento abrupto de suas mãos fez com que as saias se erguessem um pouco, revelando suas meias de lã pretas, mas Ana logo tratou de arrumar as saias. Foi nesse momento que ela teve uma estranha sensação de que estava sendo observada. Tentou enxergar além das árvores do jardim tentando descobrir a origem daquela sensação, mas não conseguiu ver nada e voltou sua atenção novamente para Albert.
- A Sra. Webster ficou muito tempo no castelo?- ela indagou.
- Ah não.- respondeu Albert brincando com o coelhinho. – Ela ficou pouco tempo e foi embora numa caixa de madeira.
Ana-Lucia mordeu o lábio inferior perguntando-se se a caixa de madeira a que Albert se referia se tratava de um caixão, mas não sabia como fazer essa pergunta a uma criança de cinco anos que tinha perdido a mãe há tão pouco tempo. Talvez fosse melhor não falar de caixão e coisas do tipo a ele. Seu pai poderia não gostar. Mas que espécie de homem era o pai de Albert e Nicole? Um homem que mandava preceptoras para casa dentro de um caixão?
De repente, um movimento abrupto entre as árvores chamou-lhe a atenção e Ana-Lucia viu um vulto que caminhava para o que parecia ser um enorme labirinto de arbustos. Albert estava concentrado no coelho e pareceu não seguir o olhar dela. Ela levantou-se e disse:
- Albert, aquilo lá é um labirinto?
O menino voltou-se para a direção onde ela olhava e estremeceu levemente antes de dizer:
- Papai disse que nunca devo entrar naquele labirinto. Que é muito perigoso!
- Ele disse por que é perigoso?
- Porque a morte está lá!- respondeu Albert um pouco alarmado. – Foi o Sr. Sayid quem disse. Prometa que não irá lá, Srta. Cortez. Por favor! Eu gostei da senhorita!- e dizendo isso, o menino agarrou-se às saias dela.
- Não se preocupe Albert! Eu não irei até lá e também não deixarei você e sua irmã.
Nicole escolheu este exato momento para choramingar e Ana-Lucia acalentou-a junto ao seio. É melhor voltarmos, o tempo está esfriando. Albert segurou na mão dela e antes de se afastarem muito do jardim, Ana relanceou um último olhar para o labirinto de arbustos e teve mais uma vez a nítida sensação de que alguém a observava.
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Após Ana-Lucia retornar ao castelo com as crianças, o sol se foi de vez e à tarde choveu bastante. Uma chuva ininterrupta que só passou por volta das oito da noite. Mais uma vez ela teve sua refeição com as crianças na sala de estudos. A mesma criada que trouxera a comida de manhã trouxe-lhes o jantar. Ela entrou e saiu em silêncio, sequer cumprimentou Ana com um boa noite e Alex não pareceu se importar com isso.
Quando a criada se foi, Ana-Lucia perguntou o nome dela e Alex respondeu:
- Ela se chama Charlotte.
- Por que ela não fala comigo?- Ana perguntou porque estava se sentindo incomodada com o comportamento das pessoas naquele castelo em relação ä ela.
- Porque você é bonita.- Alex respondeu sem delongas. – E o patrão gosta de moças bonitas.
- O que quer dizer com isso?
Nicole começou a chorar muito no colo de Alex e nada do que a babá fizesse parecia acalmá-la. Ana-Lucia então pegou a menina nos braços e a acalmou facilmente colocando-a no berço.
- Isso foi incrível!- comentou Alex. – Ela gostou de você e geralmente não gosta de ninguém.
Ana-Lucia sorriu.
- Fico feliz que as crianças tenham gostado de mim.
Depois de colocar Nicole no berço e ler um pouco para Albert, Ana-Lucia retornou aos seus aposentos e tomou um enorme susto ao perceber que havia alguém lá dentro. Seu coração disparou dentro do peito e ela gritou:
- Quem está aí?
- Não devia gritar desse jeito dentro do castelo!- reclamou uma voz feminina e Ana-Lucia viu que se tratava de uma criada. Uma que ela ainda não tinha visto.
- Me desculpe, eu me assustei. Não sabia que havia alguém aqui.
- Eu sou Cassidy.- a criada, que era muito bonita, respondeu mal-humorada. – Lorde Sawyer me designou para ser sua criada pessoal já que a senhorita não trouxe uma.
Ana-Lucia não gostou da forma como a criada pronunciou a palavra senhorita.
- Cassidy, eu agradeço, mas não preciso de uma criada. Posso me cuidar sozinha.
- Não é o que Lorde Sawyer pensa.- disse ela. – Ele me deu uma ordem e não vou desobedecê-lo, ninguém seria capaz! Mas apesar disso, eu queria que soubesse de uma coisa, senhorita.
Ana ouviu em silêncio e a criada falou enquanto terminava de trocar a roupa de cama.
- Não é porque Lorde Sawyer a considera alguma coisa que a senhorita é melhor do que qualquer uma de nós! A senhorita é uma criada e logo vai perceber o que Lorde Sawyer espera de suas criadas!
Mais uma vez Ana-Lucia foi para a cama pensando em seu misterioso patrão e no que suas empregadas diziam sobre ele. Pensou nas palavras da Sra. Hawkins transmitidas por Albert e nas palavras de Cassidy que depois de todo seu discurso saiu perguntando se Ana ia precisar dela para aprontar-se para dormir. Obviamente, Ana-Lucia não aceitou nenhuma ajuda.
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O som do piano tocando era melódico, tranqüilo. Ana-Lucia podia imaginar dedos longos valsando sobre as teclas, Estaria sonhando outra vez? Abriu os olhos e viu que estava em seu quarto, deitada na cama e coberta dos pés ä cabeça pelo cobertor de lã porque estava muito frio. Mas o som do piano continuava em alto e bom som. Não era um sonho então.
Ana sentou-se na cama e com a ajuda da luz da lamparina que queimava sobre o criado-mudo, que Cassidy tinha deixado acesa ao sair, ela ergueu-se da cama e calçou os chinelos, se arrepiando inteira por causa do frio apesar do fogo que crepitava na lareira.
Encontrou seu xale pendurado no cabideiro e agradeceu mentalmente por Cassidy tê-lo deixado lá para uma eventualidade como aquela. Ana não sabia por que, mas o som do piano a compelia a deixar o seu quarto e descobrir quem estava tocando. Era como se fosse um encantamento secreto.
Pegando a lamparina, Ana-Lucia abriu a porta de seu quarto e se enveredou pelo corredor seguindo o som da música. No fundo se perguntava se estava mesmo sonhando ou acordada.
Ela caminhou pelo longo corredor, sempre se deixando guiar pelo som do piano até que chegou a um salão no segundo andar que ainda não tinha sido mostrado a ela. As portas estavam abertas de par em par e um espectro deslizava suas mãos grandes sobre as teclas do piano. Pelo menos foi isso que Ana pensou ao vê-lo pela primeira vez. Que ele era um espectro.
O homem parecia possuído enquanto tocava, sem desviar sua atenção das teclas um só minuto. Ele era exatamente como no retrato no corredor que dava para a sala de costura. Alto, intimidador, com longos cabelos loiros e lisos. Usava uma capa preta por cima das roupas.
Ana deu um passo a frente para vê-lo melhor, esquecendo-se que usava apenas seu xale por cima da camisola branca. Os cabelos estavam desalinhados e soltos, caindo sobre os ombros. Ela só queria ver-lhe os olhos e descobrir se eram tão lindos e brilhantes como no retrato, mas dar um passo a frente foi seu erro porque sem querer ela esbarrou em um vaso que ficava no canto do salão. O vaso se quebrou em mil pedacinhos e o homem parou de tocar o piano no mesmo instante.
Ele então ergueu-se do piano e voltou-se para ela. Ana-Lucia se esqueceu de respirar. Os olhos dele eram os olhos mais bonitos que ela já vira em toda a sua vida. Azuis, cinzentos, ela não saberia dizer com certeza, não naquele momento. Mas de qualquer forma, aqueles olhos tinham uma coisa que a assustava, algo que Ana não conseguia definir.
Lorde James Sawyer aproximou-se de sua nova empregada e colocando-se na frente dela, ele a mediu de cima a baixo, fixando o olhar atrevido no contorno dos seios dela, cujos mamilos se ergueram majestosos ao olhar incisivo dele. Então o Lorde sorriu. Não era um sorriso gentil, parecia mais um sorriso de escárnio.
- A senhorita caiu da cama esta noite, Srta. Cortez?- a voz profunda dele perguntou e Ana-Lucia sentiu que se não se segurasse em algum lugar cairia ali mesmo na frente dele tal era a força de sua voz e o poder do seu olhar.

Continua...
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MensagemAssunto: Re: O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17)   O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17) Icon_minitimeQui Jan 14, 2010 2:49 pm

eu amo essa fic e sou suspeita de elogiar... mas, eu amo!!!
é linda demais essa fic!! lindona!!! lindaça!!! afro
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MensagemAssunto: O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17)   O Segredo do Abismo- Lost UA/ Sana (NC-17) Icon_minitimeQui Jan 14, 2010 9:37 am

Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem. Esta fanfiction não possui fins lucrativos.
Categoria: Terror/Romance/Drama
Censura: NC-17

Sinopse: Inglaterra, século XIX. A jovem filha ilegítima de um nobre aceita o cargo de preceptora no castelo de um lorde viúvo com dois filhos pequenos para fugir de um destino cruel. Mas Lorde James Sawyer e seu castelo tenebroso escondem terríveis segredos.

O Segredo do Abismo

Capítulo 1- Paredes


Inglaterra, 1870

As rodas da carruagem chafurdavam na lama espessa. Pingos grossos de chuva açoitavam o vidro das janelas. Ana-Lucia se encolheu contra o banco desconfortável e apertou sua capa contra si. Começava a se perguntar se tinha mesmo sido uma boa ideia deixar a casa onde morara sua vida inteira para ir viver naquele lugar sombrio e chuvoso com ares de fim de mundo. Mas sua decisão já havia sido tomada e agora não podia mais voltar atrás. Estava fazendo isso por sua mãe. Tinha que focar sua mente nisso.
Raquel estava doente havia algumas semanas. Contraíra um resfriado do qual não se curava nunca. Ela trabalhou muito a vida inteira para cuidar de Ana e agora que estava doente não tinha como se manter. As duas moravam na Mansão Winfield em Londres, uma das propriedades do Duque de Timberland, o pai de Ana-Lucia. Ela era filha ilegítima do duque e a única coisa que seu pai fizera por ela depois que sua mãe engravidara após ser iludida com falsas promessas foi permitir que as duas ficassem vivendo na mansão e que Raquel ficasse trabalhando lá como governanta.
A vida não tinha sido fácil para Ana-Lucia e sua mãe, mas as duas nunca tinham passado fome e nem frio. O Duque inclusive ensinara Ana-Lucia a ler e escrever, assim como permitira que ela aprendesse a tocar piano e outras atividades próprias à educação das mulheres da nobreza. Porém, após a morte do Duque as coisas mudaram bruscamente e os privilégios de Ana e sua mãe foram retirados.
Timberland não deixou nenhum centavo em seu testamento para Raquel ou Ana. Ele apenas chamou a filha em seu quarto quando estava morrendo de uma doença incurável e tentou dizer algo a ela, mas antes que o fizesse a morte o levou. Ana nunca soube o que o velho duque quis dizer-lhe e também nunca o perdoou por isso. A morte de seu pai foi um baque terrível. Sua mãe foi destituída imediatamente de cargo, tornando-se uma simples criada e Ana foi obrigada a trabalhar na cozinha, serviço nunca antes exigido pelo Duque. Não demorou muito para que Raquel ficasse muito doente e acamada.
Com a morte dele e a doença de Raquel, Ana assumiu as funções da mãe na mansão, trabalhando duro, mas o salário que Nora, a irmã do duque que agora era a senhora da mansão lhe pagava, quase não dava para pagar as despesas médicas da mãe. Além disso, havia o filho dela, Fred. Ele era o pesadelo de Ana-Lucia. Vivia perseguindo-a e chamando-a de prima de um jeito malicioso. Ana não queria nada com ele.
Para piorar, “tia” Nora começou a ter idéias estranhas para o futuro da sobrinha ilegítima. Desde criança, Ana-Lucia era uma criança muito bonita e tornou-se uma mulher muito bela, infinitamente mais bela que Harriet, filha de Nora. Isso fazia com que crescesse a inveja no coração de Harriet e a ira em tia Nora.
Foi nessa época que o Marquês de Blevins começou a freqüentar a mansão. Um homem idoso, deveria ter entre 65 e 70 anos, mas isso não o impedia de ser beberrão e lascivo. Ele ficou louco por Ana desde que pôs os olhos nela. Como o homem era muito respeitado na sociedade e tinha muito dinheiro, Nora não tardou em oferecer a sobrinha a ele como amante. É claro que ela não perguntou a Ana nem uma vez o que ela achava disso. E quando Ana-Lucia descobriu, já estava tudo acertado.
O velho se hospedou na mansão, e Nora mandou que Ana levasse aos aposentos dele uma bandeja com o jantar porque o pobre senhor estava muito indisposto. Inocente, Ana fez o que lhe foi ordenado e foi só ela entrar no quarto que ele a recebeu com palavras ofensivas e apalpadelas em seu corpo. Ultrajada, ela derramou sopa quente nas calças do marquês.
O homem lançou uma maldição sobre a mansão quando foi embora e disse que arruinaria a reputação da família Winsfield se Ana-Lucia não fosse passar uma temporada com ele em sua mansão. Nora disse que iria obrigá-la a aceitar a vontade do Marquês. Ana-Lucia só tinha uma saída: deixar a Mansão Winsfield para sempre.
A oportunidade apareceu em um anúncio no jornal. “Precisa-se de preceptora para cuidar de duas crianças.” Dizia o anúncio. Era em um castelo no campo, no alto de uma montanha. Raquel achou que era uma boa idéia Ana se oferecer para o emprego, seria uma boa forma de levantar dinheiro pois o salário oferecido era generoso e uma forma de fugir das imposições de Nora até que ambas pudessem comprar uma casa modesta e viverem juntas em Londres, longe da família Winsfield.
A princípio, Ana-Lucia não queria deixar a mãe de jeito nenhum, mas acabou sendo convencida que era o melhor a ser feito pois tia Nora ficava cada vez mais perigosa quando ameaçava trancar Ana-Lucia para sempre em um dos aposentos da Mansão se ela não cedesse para o Marquês.
Ana-Lucia escreveu ao endereço indicado pelo anúncio dizendo que precisava muito do emprego, que era uma pessoa responsável, que possuía boa educação e que adorava crianças, embora fosse a primeira vez que se candidatava como preceptora. A resposta não demorou a chegar dizendo que ela era esperada no Castelo de Graves para assumir sua nova função. Ela ficou muito feliz que sua falta de referências não tivesse sido um problema para que fosse contratada.
Então ela partiu uma manhã, debulhando-se em lágrimas por ter de se separar da mãe e agora estava a caminho do Castelo de Graves para assumir o lugar como preceptora dos filhos do Lorde James Sawyer, Duque de Ford e a única coisa que sabia sobre ele e seu castelo era que ele precisava com urgência de alguém para cuidar de seus filhos e que seu castelo era muito longe de Londres. De resto só restavam as expectativas e as esperanças de que as coisas em sua vida e na vida de sua mãe melhorariam.
De súbito, a carruagem parou. Ana teve que se segurar às janelas para não tombar para frente. Ela teve a impressão que as rodas tinham afundado de vez na lama e já estava prestes a perguntar ao cocheiro se estava tudo bem quando a porta da carruagem foi aberta e o rosto do idoso cocheiro envolto em uma capa de chuva respingante apareceu. Ele disse com languidez na voz:
- Chegamos, senhorita.
Ana se inclinou no banco para espiar lá fora. Não havia nada, só uma espessa neblina que recobria tudo enquanto a chuva, um pouco mais fina ainda caía.
- Tem certeza que chegamos?- ela inquiriu.
- Não está indo para o castelo negro?- o cocheiro insistiu.
- Castelo negro? Não estou entendendo.- disse Ana. – Eu estou indo para o castelo de Graves.
- E o que espera encontrar lá senão a escuridão?
O homem estendeu sua mão enluvada para que Ana-Lucia descesse da carruagem, ela já estava a ponto de protestar quando um homem surgiu do meio da neblina, assustando-a. Ana deu um passo atrás e ia chamar pelo cocheiro, mas estava completamente sozinha. O cocheiro tinha deixado sua única bagagem aos pés dela e voltado para o interior do veículo.
Ana sentiu o coração acelerar quando o estranho homem que veio da neblina se aproximou. Quando ele chegou mais perto, ela pôde ver que ele era jovem e atraente, embora seu rosto fosse austero, fazendo com que ele parecesse ter mais idade do que tinha realmente.
- Boa noite, senhorita.- ele disse com um sotaque arrastado que Ana não pôde identificar da onde pertencia, mas ao menos era côrtes.
- Boa noite.- Ana respondeu, incerta.
- Eu sou Sayid. Lorde Sawyer enviou-me para buscá-la.
Ana-Lucia piscou os olhos fazendo Sayid franzir o cenho.
- A senhorita por acaso não é Ana-Lucia Cortez, a nova preceptora do Castelo de Graves?
- Sou, mas...
- Lorde James Sawyer, o Duque de Ford me enviou para buscá-la.
Ela tentou enxergar além da neblina que encobria tudo.
- E em que direção exatamente estamos indo, Sr. Sayid?- ela indagou. – Tudo o que meus olhos conseguem ver é a neblina...
- A carruagem de Lorde Sawyer se encontra apenas a alguns passos de nós.- explicou ele. – De lá seguiremos para o castelo. Não é muito longe.
- Eu achei que o coche de aluguel iria me deixar à entrada do castelo.
- Nenhum cocheiro de Londres ou das redondezas se atreve a subir a montanha e entrar nos domínios do Duque.
- E por quê?- Ana perguntou sem entender.
- Digamos que Lorde Sawyer não aprecia companhia. Agora se fizer a gentileza de me acompanhar...
Aquele era o momento de desistir se assim fosse, pensou Ana-Lucia consigo. Mas ainda que quisesse desistir, para onde iria? Não fazia a menor idéia de onde estava e com toda aquela neblina não conseguiria ir muito longe. Resolveu pensar que Lorde James Sawyer era apenas um excêntrico, por isso seu empregado falava daquela maneira. E daí se ele era excêntrico e morava num castelo chamado castelo das sepulturas? Praticamente a metade dos nobres londrinos era excêntrica e possuía castelos seculares com nomes sombrios. Por fim, Ana assentiu e aceitou o braço de Sayid que a conduziu até a carruagem de Lorde Sawyer que de fato se encontrava a apenas alguns passos deles.
A carruagem era muito diferente do coche de aluguel em que ela viajara. Tinha o brasão da família Sawyer pintado em dourado na porta. As rodas eram de primeira qualidade e se mantinham firmes mesmo com a lama.
Sayid ajudou Ana-Lucia a subir. Ela se surpreendeu com o estofado de seda que recobria o banco dentro da carruagem. Uma camada de estofado no revestimento de madeira tornava o ambiente aquecido além de um tijolo aceso com carvão que Sayid tinha colocado embaixo dos pés dela. Ana agradeceu mentalmente pelo calor. As coisas não estavam tão ruins afinal.
Ele fechou a porta da carruagem e colocou os quatro belos cavalos brancos para galopar. Ana assustou-se com a velocidade da carruagem e procurou segurar-se bem. Era impressionante como os animais podiam ir tão depressa numa subida. Cerca de vinte minutos mais tarde a carruagem parou. Tinham chegado ao seu destino. Ana-Lucia não percebera do coche anterior que estavam tão perto por causa da neblina que cobria tudo.
Ela viu sua porta ser aberta novamente e dessa vez a visão foi de tirar o fôlego.
- Chegamos.- disse Sayid. – Este é o Castelo de Graves.
Ela observou encantada a enorme construção de pedra que deveria ser muito antiga, talvez uns 300 anos ou mais. Tinha 4 torres, sendo que uma era mais alta e se destacava das outras como se pudesse chegar até as nuvens de tão alta. As paredes de pedra eram grossas e recobertas de um limo espesso formado por pequeninas folhas verdes. Ela não entendia porque um castelo tão bonito podia ter um nome tão sombrio.
Ao redor da murada de pedra havia um lago de águas escuras e um lindo jardim florido que tomava conta de tudo e só acabava no que parecia ser um extenso labirinto ao redor da propriedade. Mesmo sendo noite Ana podia absorver toda a beleza do lugar.
- È lindo!- ela murmurou.
- Não se deixe enganar, senhorita.- disse o empregado com ar enigmático. – Nem tudo é o que parece.
Ele a conduziu pela cerca viva até as escadarias que levavam à porta principal do castelo. Bateu três vezes na aldrava de ferro da porta em forma de uma cabeça de leão e alguns intermináveis minutos depois o mordomo veio abrir a porta.
Era um homem alto, careca, de olhos azuis e expressão apática. Sayid colocou a bagagem de Ana-Lucia nas mãos dele e falou:
- Locke, esta é a Srta. Cortez, a nova preceptora. Você deve levá-la até a Sra. Hawkins.
O homem apenas assentiu. Sayid fez uma mesura respeitosa para Ana-Lucia e a deixou seguindo de volta para a neblina.
- Aonde ele vai com esse tempo terrível?- Ana indagou ao mordomo.
- O tempo é sempre terrível por aqui, senhorita. Ê melhor se acostumar se pretende trabalhar aqui.- respondeu o mordomo fazendo um gesto para que ela o seguisse para dentro do castelo.
Ana-Lucia caminhou com ele por um longo corredor e de repente eles estavam em um salão aquecido, iluminado com tochas. Era o lugar mais lindo que Ana já tinha visto. Era decorado com tapetes persa, sofás de acolchoado de seda e travesseiros recheados com plumas; havia também cortinas de um tom de amarelo que faziam o ambiente aconchegante.
- A Sra. Hawkins está na sala de costura.- disse o mordomo conduzindo Ana-Lucia por outro corredor.
Ana se recordava da Sra. Hawkins. Havia sido ela quem lhe escrevera para dizer que seria contratada. Ela era a governanta do Castelo de Graves. Não deveria ser nada fácil administrar uma propriedade enorme como aquela.
Ela observou que no corredor por onde passavam havia vários quadros nas paredes de pedra. Homens e mulheres em roupas pomposas e olhares sisudos, as diversas gerações que já tinham passado por ali. Mas os dois últimos quadros no final do corredor chamaram a atenção dela mais do que todos os outros.
O primeiro era de uma mulher, belíssima. Ela tinha um sorriso meigo no rosto. Cabelos cacheados e avermelhados presos em um coque. Olhos verdes. Seu vestido era do mais lindo tom de rosa que Ana já tinha visto.
O quadro ao lado do dela era de um homem. Ana-Lucia ficou muito impressionada com o retrato dele. Ele era alto, cabelos loiros e lisos presos em um rabo de cavalo. O rosto era másculo, com queixo proeminente e lindos e expressivos olhos azuis. Seu olhar era sério e compenetrado. As roupas elegantes, porém sombrias. Ele se vestia todo de preto, apenas a camisa dentro da casaca era branca.
- Senhorita?- chamou o mordomo impaciente, vendo que ela se detinha diante do quadro.
- Desculpe.- disse Ana seguindo-o até uma porta que ficava poucos passos após o quadro. – Poderia me dizer quem são as pessoas nos dois últimos retratos?
- Lorde e Lady Sawyer.- foi tudo o que o mordomo respondeu.
Então aquele era seu novo empregador? Ana pensou consigo. Não imaginava que ele fosse tão jovem. A idéia que fazia dele era a de um homem de meia idade, de cabelos grisalhos e comportamento blasé como os outros nobres que conhecia.
O mordomo entreabriu a porta que dava para uma pequena sala. Lá dentro uma senhora bordava ao pé da janela. Assim como o salão principal, a sala de costura era ricamente decorada com poltronas de encosto de veludo e móveis de cedro.
Ao ouvir o barulho da porta, a mulher se voltou e largou o bordado sobre a mesa de costura, erguendo-se de sua poltrona.
- Sra. Hawkins, esta é a Srta. Cortez. A nova preceptora contratada por Lorde Sawyer.- explicou o mordomo, fazendo as apresentações.
A mulher examinou Ana-Lucia dos pés à cabeça e comentou com ar sisudo:
- Você é muito jovem para ser uma preceptora. Tem certeza de ter mencionado isso à Lorde Sawyer em sua carta de apresentação?
- Sim, senhora.- Ana respondeu. – Tenho 18 anos e mencionei isso na carta que enviei à Lorde Sawyer.
Ela torceu o nariz:
- Ele mencionou que a senhorita não tem experiência, mas gosta de crianças. Creio que ele a aceitou aqui porque temos pressa. As crianças precisam de cuidados.
- Lorde Sawyer não mencionou a idade das crianças em sua carta, Sra. Hawkins.- disse Ana.
- As crianças estão dormindo, mas as conhecerá ainda esta noite. Precisa se familiarizar com seu trabalho. Eu vou levá-la aos seus aposentos.
O mordomo as deixou a sós quando elas saíram da sala de costura, seguindo por um longo corredor e desaparecendo em uma das portas que havia nele. A Sra. Hawkins por sua vez levou Ana-Lucia até as escadas. Segurava uma vela de sebo em uma de suas mãos. Ao contrário do salão principal e da sala de costura, os corredores do andar de cima estavam às escuras. Ana não gostava da escuridão e sentiu-se desconfortável ali. Tentou puxar conversa enquanto caminhava pelo corredor do terceiro andar do castelo, ao lado da governanta.
- Os retratos no corredor que dá para a sala de costura são lindos, especialmente os dois últimos.- Ana comentou somente para iniciar uma conversação.
A governanta a fitou ainda com sua expressão severa, sem sorrir e disse:
- Lorde Sawyer e Lady Evangeline. Ela era uma mulher muito bela.- disse a Sra. Hawkins. – Mas não se engane com Lorde Sawyer, o que tem de belo, tem de sombrio.
- Por que a senhora diz isso?
- Por acaso ninguém lhe contou como o chamam na vila?
Ana balançou a cabeça negativamente, fitando os brilhantes olhos azuis da velha senhora que pareciam se destacar ainda mais por causa da escuridão.
- Eles o chamam de Dr. Morte.- ela respondeu sem rodeios. – Se esquivam quando ele passa por eles usando sua capa negra. Portanto, se quer mesmo trabalhar aqui é melhor que fique fora do caminho dele, menina. Cuide das crianças e será bem paga por isso. Não fique bisbilhotando pelo castelo porque as paredes desse lugar são mal assombradas.
Ana sentiu um aperto no estômago ao ouvir as palavras da Sra. Hawkins, mas controlou-se de imediato imaginando que a governanta não simpatizara com ela e estava querendo assustá-la.
- Tenho certeza que Lorde Sawyer deve ser apenas excêntrico.- disse. – Se ele se preocupa em contratar uma preceptora para seus filhos significa que se preocupa com eles, portanto...
- A senhorita não conhece Lorde Sawyer!- a mulher falou num tom seco. – È melhor fazer o que eu digo!- ela avisou antes de parar em frente a uma pesada porta de mogno, retirar uma enorme chave dourada do bolso e girar na fechadura. – Este é o seu quarto.- A Sra. Hawkins informou mostrando um lindo aposento iluminado por uma lareira aconchegante que crepitava. Foi quando Ana-Lucia se deu conta de que estava faminta e cansada.
- Seus pertences já foram trazidos para cá e há uma bandeja no criado mudo com mingau de aveia e pão, assim como um jarro de água para que possa refrescar-se da viagem. As crianças estão no quarto ao lado, há uma porta de comunicação. A babá está lá com elas, mas pode vê-las.
- Obrigada, Sra. Hawkins.- Ana-Lucia agradeceu.
- Não me agradeça, só estou fazendo o meu trabalho. Se fosse por mim, Lorde Sawyer não teria contratado alguém tão jovem.
E sem dizer mais nada, a mulher virou-lhe as costas e já ia caminhando pelo corredor de volta pelo lugar de onde vieram, ainda com o candelabro nas mãos quando Ana a chamou:
- Sra. Hawkins.
A governanta voltou-lhe apenas o rosto.
- Quando irei conhecer Lorde Sawyer?
- Não tenho a menor idéia.- respondeu ela. – Lorde Sawyer faz seus próprios horários. Às vezes passo semanas sem vê-lo.- e com um tom de voz ríspido, ela se retirou de uma vez: - Boa noite, Srta. Cortez.
Ana-Lucia queria fazer mais perguntas, entender o porquê de todo aquele mistério em volta do castelo e seu proprietário, mas ela estava de fato muito cansada e já tinha percebido que a governanta não tinha a intenção de dizer-lhe mais nada, pelo menos, não aquela noite. Resolveu comer um pouco da refeição que tinham posto em seu quarto e depois conheceria as crianças. Precisava ver os dois anjinhos de quem tomaria conta pelos próximos meses ou mais, tudo ia depender de como ela se adaptaria a eles e como eles se adaptariam a ela. Ana esperava que tudo corresse bem, pois disso dependia a saúde de sua mãe. Ela precisava começar a mandar dinheiro para ela em breve.
Finda sua pequena refeição, Ana-Lucia foi até a porta do quarto contíguo ao dela para conhecer as crianças. Abriu a porta devagar para não acordá-las, mas tomou um grande susto quando uma mocinha pálida de imensos olhos azuis apareceu diante dela com se tivesse surgido do nada.
- Oh!- Ana abafou um grito.
- Quem é a senhorita? E o que está fazendo aqui?- a menina indagou com voz trêmula, como se temesse ser atacada a qualquer momento.
- Meu nome é Ana-Lucia Cortez.- disse Ana, assim que conseguiu se acalmar. – Sou a nova preceptora.
Ao ouvir as palavras de Ana, a garota se acalmou também e apresentou-se com uma educada mesura:
- Eu sou Alexandra, a babá das crianças. Mas todos me chamam de Alex. È um prazer conhecê-la, Srta. Cortez.
- È um prazer, Alex.- respondeu Ana, feliz por encontrar alguém simpático naquele castelo, finalmente. – Desculpe assustá-la, não foi minha intenção...
- Tudo bem, senhorita.- disse Alex. – Assustei-me porque podia ser...
- Quem podia ser, Alex? A Sra. Hawkins?- indagou Ana, imaginando se a governanta maltratava a pobre criada.
- Oh, não!- respondeu Alex. – Pensei que fosse Ele...
- Ele? Ele quem?- Ana indagou, mas a conversa das duas foi interrompida por um chorinho desesperado de bebê.
- È Nicole.- explicou Alex. – Preciso trocar-lhe a fralda.
Foi nesse momento que Ana-Lucia atentou para as duas crianças que dormiam no quarto. Apesar da escuridão ela pôde notar o esmero da decoração do quarto. O quarto dos sonhos de uma criança, cheio de brinquedos e conforto.
No quarto havia uma cama de dossel infantil onde dormia um menininho e ao lado da cama havia um bercinho cor de rosa cujo dossel escondia uma menina que devia ter apenas alguns meses. Alex foi até o berço e retirou a criança, ninando-a em seguida.
- Pode segurá-la para mim?- ela perguntou a Ana. – Enquanto pego uma fralda limpa no baú?
Ana apressou-se em pegar a garotinha no colo e sorriu, dizendo:
- Não imaginei que ela fosse tão pequena...
- Sim.- disse Alex abrindo a porta de um baú repleto de fraldas e roupas de bebê. – Estou cuidando dela desde que a mãe morreu.
- Morreu no parto?- Ana indagou.
- Pouco tempo depois.- respondeu Alex, evasiva.
- E o menino, como se chama?
- Albert. Ele tem cinco anos.
- Sou a primeira preceptora que o pai dele contrata para cuidar deles?
- Não.- respondeu Alex. – Mas esperamos que seja a última.
- Por que diz isso?
- Então não lhe contaram, senhorita?
- Me contaram o quê?
- As duas preceptoras anteriores morreram.
Aquela revelação deixou Ana-Lucia chocada.
- Como? Do que morreram?
- Não suportaram viver nesse castelo, senhorita. Espero que a senhorita tenha mais sorte do que elas.- disse Alex pegando Nicole de volta dos braços de Ana-Lucia.
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Ela retornou ao seu quarto com um monte de suspeitas e dúvidas sobre o que estava acontecendo naquele lugar. Não conseguia entender. Quando lera a oferta de emprego no Times achou que se tratava de algo muito simples. Ana-Lucia deveria ter desconfiado de um emprego bom com tantas facilidades.
- Dr. Morte!- resmungou. – Qual é o problema dessa gente? Por que estão querendo me assustar?- ela conversou consigo mesma. – Aposto que esse tal Lorde Sawyer deve ser um homem muito presunçoso!
E lindo! Disse uma voz em sua mente que Ana-Lucia logo tratou de afastar. Um dos ensinamentos mais preciosos de sua mãe tinha sido afastá-la de homens como o pai dela. Nobres ricos e presunçosos que se achavam donos de tudo, inclusive das mulheres que trabalhavam em suas casas.
- Ana-Lucia, nunca caia na lábia de um homem. Eles só querem uma coisa e você precisa aprender isso desde cedo. Proteja sua virtude para se casar com um homem digno no futuro e lembre-se que sempre é muito difícil resistir!
Ana relembrou aquelas palavras da mãe enquanto se lavava e colocava sua camisola para dormir. Em toda sua vida nunca tinha se apaixonado e não esperava que isso fosse acontecer. Era sensata demais para tal.
Exausta, ela deixou seus pensamentos acerca de seu novo lar e seu novo patrão para o dia seguinte. Deitou-se na cama e poucos segundos depois estava adormecida.
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O barulho de passos a acordou de repente. Ainda não era dia. O quarto estava na penumbra porque o fogo da lareira estava fraco. Era preciso pôr mais lenha ou o quarto ficaria frio logo. Mas Ana-Lucia não tinha forças para se levantar da cama, parecia entorpecida.
Tentou se mover tentando identificar da onde vinha o som dos passos, mas não saiu do lugar porque sentiu uma presença de pé em frente à sua cama.Os pêlos de sua nuca eriçaram-se e arrepios súbitos passaram por seu corpo. Ana quis dizer alguma coisa, mas não conseguiu. Apenas sentia.
Uma mão grande e macia tocou-lhe de leve na coxa enquanto ela podia sentir um hálito fresco de encontro ao seu rosto e o som de uma respiração desencontrada. De repente, a respiração estava mais próxima e lábios quentes tocaram os dela, pressionando-os levemente. Ana sentiu o coração bater mais forte. Estava sendo beijada e nunca tinha sido beijada.
A mão que estava em sua coxa se moveu e subiu devagar, passando por debaixo de sua camisola. Ana sentiu uma sensação nova e estranha entre as coxas, uma ansiedade que só seria aplacada se aquela mão tocasse entre elas, em suas partes íntimas. Mas a mão se limitava a tocar suas coxas, subindo e descendo sem se aventurar demais.
Os seios de Ana formigaram e os mamilos ficaram doloridos, ansiando, assim como a parte atrevida entre suas coxas por um toque que nunca chegava. Mas a boca continuava beijando, separando seus lábios para que uma língua úmida e macia tocasse a sua. Ana arfou e gemeu.
- Hummmm...
E de repente despertou. Estava sozinha no quarto. Ninguém estava lá com ela beijando-a ou tocando suas coxas. O lençol que usara para cobrir-se continuava no mesmo lugar e o fogo na lareira estava forte. Mas Ana sentia-se afogueada pelo sonho que tivera. Seu corpo inteiro estava desperto e estava molhada entre as coxas.
Ao constatar isso, Ana corou sentindo-se envergonhada e sentou-se na cama tentando recuperar o fôlego depois do sonho que tivera. Que lugar era aquele onde fora se meter? O que a esperava no dia seguinte? Somente a luz do sol poderia trazer as respostas.

Continua...
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